ANDRE Villas-Boas «Eu ia para jornalista desportivo»

sábado, 22 de janeiro de 2011


Villas-Boas grato a Robson e Mourinho: «Eu ia para jornalista desportivo»

Treinador do F.C. Porto relata primeiros passos na carreiraPor Vítor Hugo

O treinador do F.C. Porto acrescentou revelações interessantes à história já conhecida. Aliás, Villas-Boas arrancou alguns sorrisos na sala quando anunciou o seu interesse pela carreira de jornalismo. Desportivo, claro.

«Sir Bobby Robson deu-me a oportunidade de começar a carreira. Eu ia para o jornalismo desportivo. Confrontei-o com algumas questões e só alguém com a mente aberta como ele permitiria aquela arrogância de um miúdo. Deu-me a oportunidade de presenciar treinos do F.C. Porto, eu era um mero adepto e aquilo era fantástico. Ele deu-me acesso a treinos em Inglaterra e Escócia, quando eu só tinha 17 anos, e isso foi muito importante no meu início», recordou.

«Eu e Mourinho evoluímos de forma diferente»

O carismático treinador inglês, falecido recentemente, partiu para Barcelona. André Villas-Boas esteve nas Ilhas Virgens Britânicas e regressou depois ao F.C. Porto, onde viria a reencontrar José Mourinho.

«O José Mourinho foi decisivo, voltou ao clube e abordei-o para evoluir na carreira. Era treinador de método nos sub-16 e propus fazer algum trabalho com ele. Ele deu-me a oportunidade num jogo, gostou e fiquei com o controlo da análise dos adversários até final dessa época. Depois passei a tempo inteiro, no ano em que vencemos a Taça UEFA», explicou.

André Villas-Boas voltou a rebater as comparações com o trajecto de Mourinho: «Há apenas a curiosidade: são duas carreiras que parecem iguais, mas não são. O José tem um mestrado, eu não tive tempo para ir tão longe nos estudos, segui outra via. Evoluímos de forma diferente, o José entrou no futebol profissional mais cedo, com uma posição no relvado, ao contrário de mim. Há várias diferenças de personalidade, de forma de estar.»

«Premier League é das mais excitantes do Mundo»

A curiosidade do jornalista inglês, naturalmente, incidia sobre o interesse de André Villas-Boas em orientar uma equipa de topo em Terras de Sua Majestade. «A Premier League é uma das mais excitantes do mundo, muito prestigiada. Há clubes prestigiantes, como o F.C. Porto, que tem um registo de títulos que muitos emblemas ingleses até invejariam. Acho que ainda tenho muito de evoluir até merecer uma oportunidade dessas», explicou, humildemente.

«Quero ganhar esta Liga, vencer outras mais competitivas, mas também quero explorar outros ambientes. Eu adoro esta profissão, sempre quis estar nesta posição e não quero abdicar dela facilmente», disse, acrescentando: «Portugal exportou vários treinadores de qualidade, com sucesso. Mas há uma tendência de mudança. Há 13 ou 14 anos, Wenger era uma lufada fresca na Premier League, como depois Mourinho e Benítez. Agora, acho que as coisas estão a mudar.»

«Não somos ditadores da escolha»

Villas-Boas aplaudiu a confiança do F.C. Porto: «Cheguei aqui com 17 anos, desempenhei várias funções no clube, com menos responsabilidades que esta. O Porto olhou para mim como alguém que podia trazer algo novo, novo método de jogo, novo ambiente com os adeptos. É sempre uma aposta, optar por alguém tão novo como eu, mas eu sempre acreditei. O Porto não me escolheria apenas para cumprir o sonho de um miúdo.»

Definindo a sua filosofia de jogo, o técnico azul e branco deixou uma mensagem essencial. «Respeitámos a imprevisibilidade. Acreditamos que, para um jogador demonstrar toda a sua qualidade, tem de ter liberdade de escolha no relvado. Não somos ditadores da escolha. No final, o jogo é imprevisível, temos de respeitar isso»



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